Impacto dos campos eletromagnéticos na saúde
Vivemos rodeados de variadíssimos campos eletromagnéticos (CEM) ... estão presentes em fenómenos naturais como relâmpagos, o campo magnético terrestre incluindo o nosso cérebro, mas também em aparelhos que utilizam a corrente elétrica e que nos são indispensáveis no nosso dia-a-dia.
Podemos viver saudavelmente? Como é que eles nos afetam?
Sabemos que não é possível viver sem eles. Estamos em contacto com CEM de baixa frequência (50 a 60 Hz) seja em casa, na rua, na escola … no ambiente. Campos elétricos e magnéticos existem sempre que há fluxo de corrente elétrica. Os campos elétricos originam-se por cargas elétricas e são facilmente blindados por materiais de uso comum como a madeira e metal. Os campos magnéticos são originados por movimento de cargas elétricas não sendo blindados pela maioria dos materiais de uso comum, atravessando-os. Ambos os campos são mais intensos próximos da fonte de campo e diminuem com a distância.
Desde o final dos anos 70 que se coloca a questão de quais os efeitos adversos para a saúde por exposição a CEM de muito baixa frequência, ELF (Extremely Low Frequency). Em 2005, a OMS reuniu um grupo de trabalho para avaliar o risco à exposição de CEM ELF. O grupo de trabalho concluiu que não há uma questão de saúde substancial relacionada a campos elétricos, mas o problema está quando um sujeito se expõe a campos magnéticos. Os campos de intensidade muito alta, causam estimulação de nervos e músculos e mudanças na excitabilidade de células nervosas no sistema nervoso central. Os efeitos biológicos da exposição a CEM de baixa frequência foram revistos pela Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), pela Comissão Internacional de Proteção contra Radiações Não Ionizantes (ICNIRP), pela OMS (IARC 2002; ICNIRP 2003; OMS 2007) e grupo de especialistas nacionais.
Quando a exposição de campos magnéticos é causal, o número de casos, em todo o mundo, é estimado na faixa entre 100 e 2400 casos por ano, no ano 2000, representando de 0,2 a 4,95% do total de ocorrências para aquele ano.
Os conhecimentos atuais, indicam que o cumprimento das limitações descritas nas orientações protege os trabalhadores e a população de efeitos adversos para a saúde provocados pela exposição aos CEM de baixa frequência. Dos dados recolhidos e cuidadosamente analisados das patologias apresentadas não existem evidências convincentes que se relacionem com a exposição aos CEM.
Os efeitos da exposição dependem da frequência do CEM, da intensidade, duração e tipo de exposição, incluindo a forma como se distribui pelo corpo exposto. É de notar que algumas pessoas têm um risco particular, como por exemplo, grávidas, pessoas que usam implantes médicos como por exemplo estimuladores cardíacos, ...
Vários outros efeitos adversos sobre a saúde têm sido estudados para a possível associação com os CEM ELF (depressão, suicídio, distúrbios cardiovasculares, disfunções na reprodução, doenças neurodegenerativas, …) mas não há dados conclusivos.
Valores Limite de Exposição (VLE) e Níveis de Ação (NA)
Servem para assegurar a proteção dos trabalhadores e da população dos riscos que possam estar sujeitos por exposição a campos eletromagnéticos.
Os valores limite de exposição (VLE) referentes a efeitos biofísicos diretos a curto prazo, nomeadamente:
-> efeitos térmicos, como o aquecimento de um tecido por absorção de energia dos CEM nos tecidos;
-> efeitos não térmicos, como estimulação dos músculos, nervos ou órgãos sensoriais.
Os VLE foram estabelecidos pela Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP), tendo por base simulações computacionais e modelos matemáticos, ponderando fatores de segurança no campo interno máximo. De forma a assegurar, o cumprimento dos VLE relevantes ou dos valores a partir dos quais devem ser tomadas medidas de proteção ou prevenção, estabelecem-se os Níveis de Ação (NA).